quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dirty little secret


Costumava guardar para si os sonhos, e colocar os segredos num pote de vidro, fingindo se tratar de uma redoma de cristal que os protegeria. Seus desejos e sonhos eram tão pessoais e tão dela, que os guardava apenas em mente; colocar os segredos para o pote era como conversar com uma segunda ela mesma.

Escrevia o segredo de forma direta e simples, sem rodeios. Caneta porosa preta deslizando com formas bonitas sobre um papel pequeno e amarelo claro. Um desenho qualquer no final, feito com delicadeza.

Depois de escrever, ela dobrava o pedaço de papel, marcando as retas com as unhas, como quem sela uma carta, com todo cuidado do mundo. Daí para o pote: o segredo era largado e caía com leveza sobre os outros, onde se misturavam, formando o redemoinho que era sua vida.

A confissão da vez fora escrita devagar, quase em lágrimas de alegria. A caneta correu rápida, com mãos tremulas e sorrisos. Desenhou um coração e uma inicial. Hesitou alguns segundos antes de colocar o papel no pote de vidro onde ele cai, tornando-se apenas mais um.

Claro que não dentro dela. Dentro dela, aquele era o maior segredo de todos, o que mais bonito.

"Eu sinto borboletas em mim quando falo com você."

2 comentários:

  1. Eu conheço um cara que senta embaixo de uma ávore.

    Simbólico.

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  2. eu guardo frases num cadreno variadas tudo que me inspira

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