sábado, 22 de maio de 2010

Uma Língua Portuguesa


Pernas, olhos, cabelos. Língua.
Palavras escritas
Lambidas em exaustão
Ao serem trazidas
por uma alma em perdição.

Coxas, cintura, bochechas rosadas. Língua.
Estou vendo eixos
Entradas
Pintas, cheiros, mil meios
São tantas escadas
Cheias de pistas e anseios

Unhas, pele, barriga. Língua.
Queimam. Ardem e gritam
Levam meu enigma e em mim se agregam.
Transformam-me num indecente estigma
de mim mesmo.

Ah! Essa língua.
Essa forma
minha obra, sua obra
Meu pudor, nosso
Onde está?

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