terça-feira, 2 de novembro de 2010

Terça-feira de manhã


Passei as fotos diante de meus olhos, uma por uma. Mostravam cenas de seis meses atrás, de um ano. Mais de 365 dias tinham se passado, e eu já não poderia ser mais a mesma. Estava diferente: meu cabelo, minhas bochechas, meus olhos e minhas expressões agora eram mais velhas. Em apenas um ano. É claro que por dentro, minha imaginação e criatividade me lideravam para novas experiências e o esquecimento do passado, enquanto, aos poucos, ia encontrando uma nova personagem que chamaria de "Mim Mesma".

Era inevitável suspirar e lembrar de tudo aquilo. Dos risos, lágrimas e dos cliques da câmera. Com o tempo, eu acabei deixando os cliques e os risos para trás, passando só a me lembrar das lágrimas que caíram e de todos os gritos de ajuda que eu tinha engolido e sufocado. Só me lembrava do meu cansaço e das palavras que me feriram.

Claro que não era o mais saudável. Preferia muito mais lembrar das coisas boas e não ter esse sentimento ruim dentro de mim: poderia deitar toda noite com menos um peso no coração e muito mais aceitação das coisas da vida. Mas pelo menos agora, eu entendo os motivos e os porquês.

Não chamo de crescimento. Crescimento seria saber ponderar as duas coisas e não precisar selecionar todas as fotos, pressionando no teclado do computador, a tecla "Del".

As fotos sumiram da tela brilhante. Os dois rostos, o meu e o dele, iam ficando cada vez mais embaçados em minha memória. Nada mais justo, afinal, nenhum de nós éramos mais aqueles dois.

Um comentário:

  1. Ohh - abraça - doce Carol, doce menina... - cafuné - doce mulher. Beijos.

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