quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Daqueles que caem


Ela era uma garota que demorava anos pra aprender o que realmente machucava. Aprendeu que não poder sair num sábado a noite era só uma raiva passageira que terminava quando sua mãe fazia um almoço de domingo mais gostoso que o sorvete que tomaria no dia anterior.

Acabou decidindo que não vestir 36 não era assim tão ruim e que, no fundo, não havia tanto a perder fazendo brigadeiro. Que ia ter seu coração partido uma, duas, três vezes, e mais ainda, até que aparecesse alguém que pegaria cada um desses pedaços e os colocaria no lugar. Tudo isso era fichinha.

Demorou tanto tempo para perceber porque aprendeu sofrendo, e isso com certeza, lhe fez bem. Tornou um pouco mais sábia, embora ainda tivesse suas dúvidas.

Só nunca aprendeu a perder aqueles que ama: acaba aceitando, mas no fundo, ficava sempre aquela dor que passava por seu corpo todo e tomava forma de líquido quente e salgado, que escorria por suas bochechas pálidas. É claro que chegava uma hora em que não havia mais lágrimas e só aquela dor que a fazia retorcer por dentro e sorrir amargamente, enquanto seus olhos permaneciam secos.

Aprender na marra, significa aprender com a prática. Aprender a cair era mais ou menos isso, e ela aprendeu. Tornou-se cheia de cicatrizes, obviamente.

A sorte, é que nunca parou de chorar assistindo filmes de drama e romance.

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